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Laserterapia genital

Falando-se de temas controversos na Ginecologia e na Medicina, não posso deixar de citar o laser genital ou laserterapia genital.

A redução progressiva do estrogênio circulante, que ocorre durante menopausa, induz diversas alterações metabólicas e teciduais no trato genital. A Síndrome Genitourinária da Menopausa (GSM) é caracterizada por mudanças na quantidade e qualidade de secreções vaginais, perda de colágeno, elastina, água e diminuição do fluxo sanguíneo na lâmina própria da mucosa vaginal.

O laser genital, tanto o de CO2 como o Erbium/YAG, vem sendo utilizado para o “rejuvenescimento vaginal”. A cada dia, novas marcas de aparelho são comercializadas no Brasil para este fim.

O que seria o “rejuvenescimento genital”? Seria a melhora da atrofia genital da menopausa, evitar o envelhecimento genital, melhora da secura ou ressecamento vaginal, melhora da dor na relação, melhora das disfunções sexuais, melhora da incontinência urinária, melhora da frouxidão vaginal (“dar aquela fechadinha na vagina”), melhora do prolapso genital, prevenção de infecção urinária, clareamento da pele da região genital, tratamento de líquen esclero-atrófico, melhora das rugosidade e lipodistrofia dos grandes e pequenos lábios, etc.

No final de 2018, o FDA/CDC (é a Anvisa dos Estados Unidos!) proibiu a comercialização de aparelhos para fins de rejuvenescimento genital. Apesar de que nem tudo o que o FDA/CDC anuncia deve ser levado como verdade inquestionável, temos que valorizar a opinião e normativas deste órgão de regulação. Esse laser havia sido autorizado pelo FDA/CDC apenas para cirurgias e tratamento de verrugas genitais e lesão pré-malignas na vulva, vagina e colo uterino.

O que temos de evidência científica em relação ao rejuvenescimento genital? A evidência científica ainda é muito pobre, os trabalhos tem um número muito pequeno de pacientes e o seguimento a longo prazo das pacientes não foi realizado. Isso faz com que fiquemos com “um pé atrás” na indicação deste tratamento. Esta pouca evidência científica diz que podemos indicar e aplicar o laser nas pacientes com secura ou ressecamento vaginal provocadas pela atrofia genital da menopausa. Não deve ser usado para prolapso genital, disfunção sexual, frouxidão vaginal e, muito menos, para incontinência urinária.

Qual o mecanismo de ação? O laser provoca pequenas queimaduras na mucosa e submucosa da vagina, ativando os fibroblastos a produzir colágeno. A nova produção de colágeno aumentaria a retenção de água e hidratação da mucosa vaginal, aumentando, também, a elasticidade vaginal. Além disso, aumenta a espessura da mucosa vaginal e aumenta a vascularização. A duração desses efeitos sobre a região genital feminina ainda precisa ser estudada.

Mas tem efeitos colaterais? Sim, o laser não é um procedimento inócuo. Não podemos pensar que ele não faz mal e que, no máximo, ele não vai melhorar os sintomas. Existem casos descritos de queimaduras, piora de dor na relação, dores pélvicas persistentes e cicatrizes distróficas. Devido a esses potenciais efeitos maléficos, o número de sessões não pode ser indefinido ou eterno. Recomendo, 3 sessões sequenciais, cada sessão espaçada de 30 a 40 dias. Após essas sessões iniciais, a paciente pode repetir uma sessão anual.

Uma sessão do laser genital pode custar até R$2000,00 e o marketing venda e aplicação do laser é forte.

Os poucos trabalhos que mostram benefício no uso da laserterapia para atrofia genital ou ressecamento vaginal também evidenciam que o laser genital tem o mesmo efeito que a reposição hormonal vaginal ou local. No entanto, quando associamos o laser a reposição hormonal local ou vaginal, existe um efeito sinérgico dessas duas terapias com uma melhora mais exuberante nos sintomas de atrofia genital da menopausa.

Mas se a laserterapia tem o mesmo efeito que a reposição hormonal, por que usar o laser e não a terapia hormonal? A laserterapia pode ser interessante naquela paciente que não pode usar hormônios (em casos de câncer de mama ou trombose), nas pacientes que não desejam ou tem receio em usar hormônios (devemos sempre respeitar o desejo da paciente!) e nas pacientes que tiveram efeitos colaterais durante o uso da terapia hormonal.

A laserterapia necessita de mais estudos para avaliar segurança e para ser amplamente oferecido e aplicado nas pacientes. Pode ser uma terapêutica promissora para o futuro!!!





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