Prolapso genital é a perda do suporte dos órgãos pélvicos e seu descenso pela vagina. É a famosa “bexiga caída”. Mas o prolapso genital não acomete apenas a bexiga, mas também a uretra, o útero, a vagina, o intestino e o reto.
O prolapso genital acomete as mulheres principalmente na pós-menopausa e após os 60 anos.
A incidência do prolapso genital vem aumentado devido a mulher ser mais socialmente e sexualmente ativa e por ela procurar a cada dia o seu bem estar. Geralmente, quanto mais jovem mais sintomática com relação ao prolapso a mulher se mostrará.
A anatomia pélvica é mantida por dois sistemas:
1)Sistema de suspensão: Composto pelos ligamentos cardinais, uretrossacros e pubo-cervical (anel pericervical ou retinaculum uteri);
2)Sistema de sustentação: Composto pelo diafragma pélvico (músculo elevador do ânus, coccígeo) e suas fáscias.
A lesão do sistema de suspensão e sustentação determina o aparecimento do prolapso genital. A presença do hiato genital, uma região de fragilidade da pelve por onde se exterioriza a uretra, vagina e ânus, favorece o surgimento do prolapso genital. Os fatores de risco são:
1)Gravidezes sucessivas e partos múltiplos;
2)Obesidade;
3)Idade;
4)Hipoestrogenismo;
5)Doenças musculares e neurológicas;
6)Doenças genéticas;
7)Doenças do tecido conjuntivo e do colágeno;
8)Fatores de aumentam a pressão intra-abdominal: tosse crônica, asma brônquica, constipação intestinal;
9)Parto instrumentalizado por fórceps.
Apesar do prolapso genital e incontinência urinária estarem classicamente associados ao parto normal e a realização de episiotomia, a cesariana não protege contra essas patologias. Uma assistência adequada durante o pré-natal e o parto podem ajudar a evitar o prolapso genital.
O prolapso genital é classificado conforme a topografia do prolapso:
1)Defeito do compartimento anterior (cistocele): defeito central e paravaginal ou lateral;
2)Defeito do compartimento posterior (retocele): defeito central e transverso;
3)Defeito do compartimento apical: prolapso uterino, prolapso de cúpula vaginal e enterocele;
4)Defeito do compartimento distal: rotura perineal.
O prolapso compromete a qualidade de vida e o bem estar da paciente. Ele pode ser responsável pelos sintomas de:
1)Sensação de “bola” na vagina que se exterioriza;
2)Sensação de dor ou peso em pelve;
3)Infecção urinária de repetição;
4)Incontinência urinária;
5)Dificuldade para urinar;
6)Tenesmo retal;
7)Constipação intestinal;
8)Dor nas relações;
9)Dificuldade e impossibilidade para ter relação;
10)Sangramento genital;
11)Corrimento vaginal.
O diagnóstico do prolapso genital é clínico. Nenhum exame complementar ou de imagem é necessário para o diagnóstico do prolapso. No caso de associação do prolapso com incontinência urinária, o estudo urodinâmico pode ser necessário (Veja o Post sobre estudo urodinâmico).
Ao exame físico, o prolapso pode ser classificado em sua “gravidade” utilizando sistemas de classificação como o de Baden-Walker ou o POP-Q (Pelvic Organ Prolapse Quantification). Ambos tem como referência a relação do prolapso com a carúncula himenal e são classificados em Grau 0, 1, 2,3 ou 4.
Quando o prolapso genital atrapalha a qualidade de vida, o tratamento é necessário e, geralmente, é cirúrgico com o reposicionamento dos órgãos em sua posição anatômica habitual.
O tratamento cirúrgico visa identificar os locais de rupturas ligamentares, musculares e de fáscias e promover a sua correção. Para isso, podemos utilizar o próprio tecido da paciente (correção sitio-específica) ou utilizar matérias e telas sintéticos que visam mimetizar o tecido da paciente (Veja o Post sobre Telas Sintéticas). A escolha entre as duas técnicas tem que ser individualizada para cada paciente, avaliando o grau do prolapso, os componentes do prolapso, as patologias associadas, a idade da paciente e a vida sexual ativa ou não da paciente.
Nas pacientes idosas e sem relação sexual ativa, existem procedimentos cirúrgicos que melhoram a sensação de prolapso através do fechamento ou retirada completa da vagina (é a colpoperineocleise ou colpectomia).
Nas pacientes mais idosas, que não desejam realizar o tratamento cirúrgico ou que apresentam alto risco cirúrgico e anestésico, o reposicionamento dos órgãos pélvicos podem ser realizados através de pessários introduzidos através da vagina.
As cirurgias geralmente tem duração de 2 horas. Quando realizada por médicos especialistas em uroginecologia a taxa de recidiva é baixa, entre 10 e 30%. Geralmente, essa recidiva ocorre no primeiro ano para essa cirurgia. Após este período, raramento os prolapsos recidivam.
Após a cirurgia, as pacientes passarão pelo repouso pós-operatório de 30 dias. Após esse período, a fisioterapia e a reabilitação da musculatura do assoalho pélvico podem ajudar no restabelecimento funcional da pelve da paciente.